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id da página: 5356 Casa de Zaqueu

Casa de Zaqueu

Casa de Zaqueu (Lc XIX, 1-10)
Tendo Jesus entrado em Jericó, ia atravessando a cidade. Havia ali um homem chamado Zaqueu, o qual era chefe de publicanos e era rico. Este procurava ver quem era Jesus, e não podia, por causa da multidão, porque era de pequena estatura. E correndo adiante, subiu a um sicômoro a fim de vê-lo, porque havia de passar por ali. Quando Jesus chegou àquele lugar, olhou para cima e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa; porque importa que eu fique hoje em tua casa. Desceu, pois, a toda a pressa, e o recebeu com alegria. Ao verem isso, todos murmuravam, dizendo: Entrou para ser hóspede de um homem pecador. Zaqueu, porém, levantando-se, disse ao Senhor: Eis aqui, Senhor, dou aos pobres metade dos meus bens; e se em alguma coisa tenho defraudado alguém, eu lho restituo quadruplicado. Disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação a esta casa, porquanto também este é filho de Abraão. Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido. (Lc 19:1-10)

Gnosticismo

Roberto Pla

Evangelho de Tomé - Logion 85

Um exemplo evangélico da “diminuição” psíquica quanto ao mundo, pode ser a história lucana daquele chefe de publicanos, homem “rico”, chamado Zaqueu, que esperava a Vinda de Cristo subido a um sicômoro. O Sicômoro que galgava Zaqueu para suprir assim sua “baixa estatura” não é outra coisa que uma falsa figueira, uma árvore geralmente corpulenta que todos os fruto que dá são figos não comestíveis.

Em situação semelhante à figueira estéril (FIGUEIRA INFRUTÍFERA) e seca se encontra o sicômoro de figos indigestos no qual, ignorante, galga Zaqueu para ver a Vinda do Senhor (VINDA DO FILHO DO HOMEM). Zaqueu confia, cego, em sua árvore, em sua alma estéril, para entrar na ressurreição do espírito que anela. Mas, em rigor, sua árvore é para a morte, como um destes sepulcros sobre os quais as vezes se anda sem sabê-lo. Inclusive, a madeira muito densa, quase imputrescível do sicômoro, era a madeira empregada em algumas nações de seu tempo para fazer ataúdes.

É a voz do Senhor que aconselha Zaqueu que desça de sua “grande riqueza” para se fazer digno do “grande poder” e receber ao Senhor em sua morada. Este é o nascimento em Espírito, e Zaqueu, manso, diligente, desce em seguida da árvore e adota a humildade dos “pobres de espírito”. Na boca de Jesus põe então o evangelista o cumprimento oculto: “Hoje chegou a salvação a esta casa, porque também este é filho de Abraão”. Isto o diz pela “diminuição” sobrevinda em Zaqueu em consequência da fé e para o crescimento do Cristo oculto. E posto que a fé o moveu, o reconhece Jesus como filho de Abraão ao qual foi reputada a fé como justiça e com isto o foi concedido a promessa a ele e a sua posteridade espiritual, de ser herdeiro do mundo.

Como se diz ao final do relato de Zaqueu: “A isto veio o Filho do Homem, a buscar e salvar o que estava perdido”. Em verdade essa foi a Boa Nova que Jesus anunciou aos “pobres” quando fez sua leitura de ofício na sinagoga de Nazaré: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu para anunciar boas novas aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos, e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos” (Lc 4:18-19).